Desde pequeno, Acácio do Nascimento era um garoto diferente dos demais. Preferia brincar de boneca a jogar futebol, o bambolê lhe interessava mais que carrinhos e pistolas de cowboy. Assustados com a possibilidade de seu filho ser homossexual, Mara e Galdino submetem Acácio desde os cinco anos de idade a diversos tratamentos para ele se tornar um menino normal como os demais. Neste primeiro volume de Bendita Cura, acompanhe a infância e a adolescência de Acácio, as provocações de outras crianças na escola, o despertar de sua sexualidade e as cobranças de seus pais e da sociedade para ele se encaixar nos padrões ditados pela maioria.
Desde 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) se posicionou contra a homossexualidade ser considerada uma doença e passou a tratá-la como uma variação natural da sexualidade humana. A partir deste entendimento, uma resolução de 1999 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) proibiu os profissionais de aplicarem terapias para tentar alterar orientação sexual no Brasil.
Mesmo assim, a chamada “cura gay”, volta e meia, vem à tona por conta da ganância dos que almejam lucrar com a ignorância e o preconceito sobre a questão. Grupos conservadores desejam submeter pessoas perfeitamente saudáveis a tratamentos abusivos e, não raro, os próprios homossexuais se subordinam a métodos que beiram a tortura para corresponder às expectativas dos outros.
Bendita Cura retrata o que é ter a vida marcada pelo preconceito e os efeitos de terapias de reversão que tentam curar algo que simplesmente não é uma doença.